A canoagem,
canoeing ou kayaking é uma modalidade para quem não tem medo de água, e está
disponível a fazer força nos braços, quadris e pernas. Pode ser praticado em
modalidades competitivas, ou como esporte de aventura, percorrendo percursos
artificiais ou descendo quedas d’água com mais de 7 metros de altura.
Agilidade, precisão, força muscular explosiva, raciocínio rápido e um monte de
adrenalina fazem parte desta modalidade em que o grande protagonista é uma
embarcação chamada kayak. Ela pode ser pilotada ou navegada também por
crianças e famílias, em passeios por águas mais calmas, como forma de lazer, ou
por iniciantes, em “escolinhas” da modalidade.
Sabe-se com
certeza que o kayak, ou caiaque, como é conhecido em português, ou ainda
canoe, de origem inglesa, é uma embarcação criada pelos povos das regiões
árticas, e sua história está ligada aos Inuits e às tribos das ilhas atletas.
Os primeiros registros de kayaks são de aproximadamente 6 mil anos atrás, e seu
nome significava “barco de caçador”. Existia também uma versão conhecida por
“umiaqs”, embarcações maiores que transportavam famílias inteiras. O kayak era
uma embarcação furtiva e permitia aos caçadores aproximarem-se rápida e
silenciosamente de suas presas aquáticas. Eles eram construídos com peles de
animais, sobre uma estrutura de madeira ou de ossos de baleia, e usavam a gordura
daquele mamífero para impermeabilizar as embarcações.
Quando os
primeiros exploradores e colonizadores europeus chegaram à região ártica, logo
se depararam com este tipo de embarcação, que também era utilizada por povos da
América do norte, compreendendo a região do Alasca e partes do atual Canadá,
que as utilizavam para navegação fluvial.
A sua versão
moderna surgi pelas mãos do escocês John MacGregor, que, ao retornar dos
Estados Unidos para a Inglaterra, por volta dos anos de 1860, resolveu
construir um barco “estilo kayak”, que batizou com o nome de “Rob Roy”. Em
1865, devido ao grande sucesso que MacGregor vinha fazendo com o Rob Roy em
suas experiências na Europa e no Oriente Médio, atravessando com sucesso rios
cheios de corredeiras e obstáculos, o pai da nova embarcação funda o Clube Real
de Canoagem, em Londres, realizando as primeiras regatas no velho continente,
despertando o interesse europeu pela modalidade.
Em 1877, foi
realizada, na Bélgica, a primeira regata da qual se tem registro oficial. O
negócio fica sério quando em 1924 é fundado o Internacional Repräsentantenschaft
Kanusport –IRK, em Copenhague, na Dinamarca, estabelecendo as origens
federativas do esporte. Nos jogos de Berlim, na Alemanha, em 1936, a canoagem
entrava no programa de competições das olimpíadas e, em 1946, o IRK se
transformaria no International Canoe Federation –ICF, membro do Comitê
Olímpico Internacional –COI. No ano de 1972, nos Jogos Olímpicos de Munique, a
modalidade “Slalom” em águas brancas apareceu como esporte de demonstração. Nos
Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, o Slalom teve sua presença válida no
quadro de medalhas e, de lá pra cá, a modalidade virou olímpica, sendo
praticada atualmente em mais de 150 países, nesses mais de 85 anos de história.
NO BRASIL
O alemão
José Wingen foi o responsável pela introdução da canoagem no Brasil. Migrou da
Alemanha, em 1941 e, em 1943, residiu no município de Estrela-RS, banhado pelo
rio Itaqui. Naquele mesmo ano, construiu uma embarcação de madeira idêntica a
usada na sua infância, quando competia pelo Kanu Club, da Alemanha. O caiaque
de Wingen chamou a atenção da comunidade local, despertando o interesse pela
prática do esporte, contudo, com a construção da represa de Bom Retiro e o
nivelamento do rio Itaqui, ficou impossibilitada a prática e o desenvolvimento
da modalidade naquele momento.
A forte
presença de europeus no Brasil manteve aceso o interesse pelo esporte. O que
fez com que durante os anos de 1970 o carioca Leopoldo Ávila mantivesse
contato com o inglês Alan Byde, autor de livros sobre canoagem e, em 1979, a
convite de Ávila, veio ao Brasil para ministrar palestras e cursos sobre a
modalidade.
Em 1980, Uwe
Peter Kohnen fundaria a Associação Carioca de Canoagem, dando prosseguimento à
expansão do esporte em nosso território. A 1ª Prova oficial de Canoagem de
Águas Brancas ocorreu em 1984, no Rio Preto, em Visconde de Mauá - RJ. O
sucesso do esporte levou à criação da Confederação Brasileira de Canoagem –
CBCa, em 1988. Gustavo Selbach, atleta gaúcho, conquistou a primeira medalha em
Campeonato Mundial para o país, em 1992, na modalidade de Slalom, na Noruega,
onde obteve o bronze.
O Brasil
teve sua estreia como sede internacional da modalidade em 1997, com o
Campeonato Mundial de Slalom, em Três Coroas-RS. O Campeonato, que é realizado
desde 1949, ocorreu somente cinco vezes fora da Europa, sendo duas delas no
Brasil, em 1997 e em 2007.
SANTA
CATARINA
Os encantos
da “bela Catarina”, com seus rios e cascatas em tamanhos e fluxos
diferenciados, permitem provas e circuitos mansos para os iniciantes, ou
ousados e adrenalizados desafios para os atletas mais graduados. A história da
canoagem em Santa Catarina ainda precisa ser contada, mas ela também está
ligada às origens germânicas de muitas de nossas comunidades. Não por acaso,
um dos mais tradicionais grupos de canoagem do estado foi fundado em Jaraguá do
Sul, em 1988, o Clube de Canoagem Kentucky. Desde sua fundação, o Kentucky tem
disputado provas nos circuitos regionais, nacionais e em provas internacionais,
com resultados positivos. O clube tem ajudado a difundir a modalidade nas terras
(ou águas) catarinenses, e mostrado o potencial do estado para atletas de todo
o mundo. O estado tem vários circuitos para a modalidade e os points mais conhecidos
para a prática de águas brancas são: Rio Engano, em Angelina; Rio Cubatão do
Sul, em Águas Mornas; Rio dos Cedros, na própria cidade de Rio dos Cedros; Rio
Braço do Norte, em Anitápolis; Rio Itapocu, Rio Vermelho e Rio Humboldt, em
São Bento do Sul e Corupá, entre outros.
www.canoeicf.com
www.canoagem.org.br | www.canoken.com